29 de abr. de 2008

Bob Marley

Bob Marley não morreu. Se alguém disser que ele morreu, desconverse e saia de fininho, sorrindo e cantando "Is this love, is this love, is this love that i´m feeling". O que aconteceu no dia 11 de maio de 1981, num hospital em Miami, foi matéria que se dissolveu, átomos que foram recombinados. Os estóicos, filósofos da época do império romano, diziam que, quando morremos, não vamos para lugar algum. seja esse lugar o céu ou zion. Apenas dissolvemo-nos e voltamos à natureza. Olhe para o mundo à sua volta e veja se não foi isso que aconteceu com Bob Marley. Sua música está por toda a parte. Seus discos vendem até hoje, numa adoração só comparável a de Elvis e dos Beatles. Seu rosto e suas tranças estão estampadas em camisetas de moleques no Rio, em Sydney e Paris. Marley se dissolveu e virou um som da natureza por causa de canções irresistivelmente pop e por todos os ingredientes - rock, punk, afro, soul - que adicionou ao seu reggae. Virou estrela por causa de letras que tinham ao mesmo tempo um lirismo arrebetador e uma militância contagiante. Virou luz por causa de palavras, atos e uma vibrante mensagem de paz e amor. Mas Marley não era santo. Era o Tuff Gong, apelido que ganhou na marra, em brigas nos guetos de Kingston. Ironicamente, se estivesse aqui, comemorando 60 anos, dreadloks branquinhas, teria que lutar contra o imobilismo dos seus fãs, que parecem se contentar em botar uma roupa colorida e saudar sua memória em tributos sem fim, em vez de seguir em frente, passar a segunda marcha, ouvir outros sons e ver que o reggae não é só raiz, não é só iô iô, mas também é caule e frutos. Como diria Marley, "Wake up and live". A boa é acender essa idéia.

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